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Ana Valéria Poles

Integrante da Osesp desde: junho de 1988.
Obra favorita: acha muito difícil escolher uma, pois são muitas.

Natural de Tatuí, em São Paulo, a contrabaixista Ana Valéria Poles ingressou, aos doze anos, no Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí. Ali, foi orientada, entre 1975 e 1981, por Nikolay Schevitschenko, ucraniano que, à época, era o primeiro contrabaixista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Com bolsas do Governo do Estado de São Paulo e, mais tarde, da Fundação Alban Berg e do Governo da Áustria, estudou com Ludwig Streicher, na Universidade de Música e Artes Cênicas de Viena (MDW) de 1982 a 1988, ano em que concluiu o curso com “distinção unânime” e recebeu o prestigioso Würdigungspreis (Prêmio Honra ao Mérito), concedido pelo Ministério da Educação, Ciência e Pesquisa da Áustria. Em 2015, concluiu o mestrado profissional na Universidade Federal da Bahia com a monografia Falando Baixo – Por Toda Minha Vida: Uma Trajetória com o Contrabaixo na Formação de Multiplicadores e na Carreira Musical, escrita sob orientação de Alexandre Alves Casado.

Durante seu período como estudante do Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí, integrou a Orquestra Infantojuvenil do Projeto 75, a Banda Sinfônica e a Orquestra Sinfônica da instituição. Quando esteve em Viena, atuou junto a diversos grupos orquestrais, como a 1ª Orquestra de Câmara Feminina da Áustria, a Orquestra Pro Arte e a Orquestra Sinfônica da MDW, a Orquestra Franz Lehár e o conjunto Novos Solistas de Viena. Cruciais para sua formação, foram também as participações no Festival de Inverno de Campos do Jordão, evento que frequentou como bolsista desde sua primeira edição, em 1976, até a edição de 1981.

Aos 14 anos, venceu o Concurso Crianças Tocam para Crianças, promovido pela Pró-Arte, no Rio de Janeiro. Em 1981, conquistou o prêmio do Concurso Jovens Solistas de Piracicaba e o Concurso Jovens Solistas da Osesp, com o Concerto para Contrabaixo e Orquestra Op. 3, de Serge Koussevitzky, obra que solaria ainda com a Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de São Paulo, em duas ocasiões, e com a Osesp, em mais duas, sob as batutas de Eleazar de Carvalho, em 1995, e de Paavo Berglund, em 2001. Sua ampla atuação como solista conta com a interpretação, junto à Orquestra Sinfônica de Santo André (OSSA), da Aria Per Questa Bella Mano K. 612, para barítono, contrabaixo e orquestra, de W. A. Mozart, e do Gran Duo Concertante para Violino, Contrabaixo e Orquestra, de Giovanni Bottesini, peça que solou também com a Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC). Ainda de Bottesini, o Concerto nº 2 para Contrabaixo em Si Menor integrou seu repertório quando esteve à frente da Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa (OSMJP) e da GRU Sinfônica. Também tocou a Passione Amorosa, do mesmo compositor, com a Orquestra de Câmara Villa-Lobos e a Orquestra Sinfonia Cultura. De Antonio Capuzzi, interpretou o Concerto em Ré Maior para Contrabaixo, com a Orquestra de Câmera da Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernst Mahle, sob a regência do próprio Ernst Mahle. Do compositor teuto-brasileiro, solou o Concertino para Contrabaixo — Atirei o Pau no Gato, com a Orquestra de Cordas Infantojuvenil do Conservatório de Tatuí e com a Orquestra Armorial do Recife, e o Concertino para Contrabaixo e Orquestra de Cordas C 127, com a Osesp, sob regência de Eleazar de Carvalho.

Junto ao Quinteto D’Elas, recebeu o Prêmio Carlos Gomes de Ópera e Música Erudita de 1998, na categoria grupo de câmara. Com elas, gravou os CDs Louise Farrenc by Quinteto D’Elas (Paulus, 1998), _Quinteto D’Elas Vol. II _(Paulus, 2000) e _Luar: Canções de Arrigo Barnabé com Tuca Fernandes e Quinteto D’Elas _(YB Music, 2003). Também fez gravações solo, como o CD Por Toda Minha Vida (Clássicos, 2009), e participou de toda a discografia da Osesp, destacando-se na interpretação dos solos de contrabaixo na Sinfonia nº 1, de Heitor Villa-Lobos, no CD Heitor Villa-Lobos: Sinfonias nº 1 e nº 2 (Naxos, 2017), e no CD Sergei Prokofiev: Sinfonia nº 7; Tenente Kijé: Suíte; Marcha e Scherzo de “O Amor das Três” (Naxos, 2017).

Além de ser professora da Academia de Música da Osesp desde sua criação e ministrar cursos em diversos festivais de música pelo país, Ana Valéria é a autora do livro bilingue Sistema de Arcadas e Golpes de Arco em Escalas e Arpejos para Contrabaixo (São Paulo: Tipografia Musical, 2016), um dos frutos de seu mestrado profissional. Extremamente ativa e articulada, lançou durante a pandemia seu canal no YouTube, Falando Baixo, e o Women 4 Bass, uma colaboração virtual envolvendo quatro contrabaixistas de atuação internacional. Em 2011, foi-lhe outorgado o título de Cidadã Emérita da cidade de Tatuí, honraria da Câmara Municipal.

Viveu diversos momentos marcantes com a Osesp, como a emocionante e pesarosa apresentação no velório de corpo presente do maestro Eleazar de Carvalho no palco do Theatro Municipal de São Paulo, em 13 de setembro de 1996, ou o extático concerto de inauguração da Sala São Paulo, em 9 de julho 1999, no qual foi apresentada a Sinfonia nº 2 — Ressurreição, de Gustav Mahler, com o grupo sendo regido por John Neschling. Também recorda vivamente das apresentações da Orquestra em duas das mais históricas salas de concerto do mundo, a Musikverein de Viena, em turnê pela Europa em 2007 e em 2010, e a Grande Sala da Filarmônica de Berlim, na turnê europeia de 2013.

Tem por hobby, ou terapia, fazer crochê.